Não sei escrever poesia.
Limito-me a contemplar as palavras.
A acariciá-las.
A dedilhá-las como às contas de um rosário…
Escapam-me.
Afasto-me rendida
desavinda
ressabiada
jurando ignorá-las para sempre.
E de imediato regresso com inexorável urgência
pedindo-lhes que me perdoem o desvario,
numa dependência que é jugo e vício a uma só vez.
Perscruto-as.
Aproximo-me e distancio-me delas, em busca da melhor perspectiva…
Em vão.
É então que de novo desisto...
temporariamente, bem sei.
Até que me subjugue a abstinência
Insidiosa e implacável.
Não sei escrever poesia.
Mas gostava muito...
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