O portugal futuro é um país
aonde o puro pássaro é possível
e sobre o leito negro do asfalto da estrada
as profundas crianças desenharão a giz
esse peixe da infância que vem na enxurrada
e me parece que se chama sável
Mas desenhem elas o que desenharem
é essa a forma do meu país
e chamem elas o que lhe chamarem
portugal será e lá serei feliz
Poderá ser pequeno como este
ter a oeste o mar e a espanha a leste
tudo nele será novo desde os ramos à raiz
À sombra dos plátanos as crianças dançarão
e na avenida que houver à beira-mar
pode o tempo mudar será verão
Gostaria de ouvir as horas do relógio da matriz
mas isso era o passado e podia ser duro
edificar sobre ele o portugal futuro.
(Ruy Belo, "O Portugal futuro" In "Todos os Poemas", Ed. Assírio & Alvim, 2004)
Hoje, um colego de trabalho comentava, a propósito de uma visita a Guimarães, que só no nosso país poderia ter jantado numa bela esplanada, com um clima extraordinário e a preços muito aceitáveis. E eu reflecti que estou tão habituada ao discurso derrotista e depressivo acerca do nosso país, que até estranho as palavras em contra-corrente, como as do meu colega ou aquelas que aqui trazes. Esta estranheza é preocupante, não será? Obrigada pelo teu contributo para a contrariares :))
ResponderEliminarBeijinhos e uma excelente semana para ti!
[esta semana coincidimos na valorização do património nacional... :))]
Belíssimo poema: o nosso país é o nosso país...por muito que o queiram devassar, Vilipendiar....
ResponderEliminarportugal, ai, que me doem as cruzes que tenho medo do futuro!!
ResponderEliminarRuy Belo
ResponderEliminarum património cuktural
Bj
Excelente escolha.
ResponderEliminarBoa semana, R!
que lindo, o poema é soberbo e a fotogravia nos deixa com vontade de estar lá.
ResponderEliminarbjs
Fiquei comovida com este belo poema tão bem pensado para os tempos que correm!
ResponderEliminarEu continuo a acreditar em Portugal!
Abraço
Haja esperança de que o desânimo não se instale para sempre.
ResponderEliminarO sorriso que me aflorava os lábios ao terminar a leitura do poema é sintomático. Gosto muuuuito desse Portugal futuro.
ResponderEliminarBeijo :)