que estava a chorar,
pedi-lhe uma lágrima
para a analisar.
Recolhi a lágrima
com todo o cuidado
num tubo de ensaio
bem esterilizado.
Olhei-a de um lado,
do outro e de frente:
tinha um ar de gota
muito transparente.
Mandei vir os ácidos,
Ensaiei a frio,
experimentei ao lume,
as bases e os sais,
as drogas usadas
em casos que tais.as drogas usadas
Ensaiei a frio,
experimentei ao lume,
de todas as vezes
deu-me o que é costume:
deu-me o que é costume:
Nem sinais de negro,
nem vestígios de ódio.
Água (quase tudo)
e cloreto de sódio.
(António Gedeão, "Lágrima de Preta" in Máquina de Fogo, 1961)
(Imagem: Milan Mrkusich, Achromatic Grey, 1977) ..
Agora viajei até às aulas de Físico-Química, a professora apresentou-nos este poema. Escusado será dizer que foi das minhas preferidas... sempre me dei melhor com poemas do que com gobelés.
ResponderEliminarE deste-te muito bem! Sem dúvida :)
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