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- "Bem sabe como aqueles campos funcionam, entra‑se e já não se sai." (...) Sentiu‑se encurralado. (...) O caminho era claro, só tinha duas opções e nenhuma lhe agradava. Obedecia às ordens e deixava aquele homem ser internado (no campo de concentração), com todas as consequências que daí adviessem, ou passava‑lhe os vistos e as suas hipóteses de salvamento aumentavam exponencialmente, mas Aristides sujeitar‑se‑ia a um processo disciplinar.
(In "O Cônsul Desobediente", Sónia Louro, 2009).
(In "O Cônsul Desobediente", Sónia Louro, 2009).
E sujeitou. Não só a um processo disciplinar, mas a terminar os seus dias à míngua, proibido de trabalhar, não só no governo, mas também na prática da advocacia, sua profissão. À doença sobreveio a morte solitária. Comprometeu a sua vida e em troca salvou outras 30.000. Trinta mil vidas salvas pela generosidade e abnegação de um homem só. E agora, por favor, alguém me explica porque não se fala de Aristides de Sousa Mendes? Nas escolas, na toponímia das ruas, nos rostos das esculturas, na televisão... Porquê?
Talvez se justifiquem duas questões:
ResponderEliminar(1) porque os portugueses têm memória curta em relação à sua história colectiva recente; (2) a desobediência ao poder político instituído pode não ser entendida como um "bom exemplo".
... coisas que a história distraidamente silencia!
Já se publicou muito sobre ele, lembro-me que no concurso "O melhor Português" ficou nos 10 primeiros (embora o concurso fosse um chorrilho de politiquisse barata)Hoje o vento ameaça deitar a casa abaixo!ui!
ResponderEliminarTambém me inclino a pensar que Portugal tem memória curta e que esta importante figura da nossa História é desconhecida de muitos (de demasiados, até). Mas também não tenho uma aferição exacta disto. Seja como for, acho que valia a pena incluí-lo nos manuais escolares, para "memória futura".
ResponderEliminarE, sim, Via, por aqui o vento também não dá trégua. Oxalá seja o último fôlego do Inverno que não tarda a acabar :)
Bem lembrado, este nome e esta vida. Um pós-convencional, se quisermos utilizar uma linguagem que bem conhecemos. Uma raridade que talvez não convenha lembrar (em concordância com a segunda questão levantada pela Guidinha). A desobediência regida por princípios humanizantes poderá não ser compatível com a manutenção da "carneirada" ordeira e passiva.
ResponderEliminarComo sempre, muito bem dito, amiga. Não podia estar mais de acordo.
ResponderEliminarJusto é o filho justo e seu nome estará escrito no coração dos que ousam pensar e viver a liberdade. Eis o que é ser livre, poder optar até contra sí mesmo, em prol de uma certeza quase solitária.
ResponderEliminarEste ilumina a raça humana e levanta memoriais que talvez mãos humanas não sejam capazes de levantar.
devlesa