porque é fim-de-semana e não há como O'Neill)
Estirado na areia, a olhar o azul,
ainda me treme o parvalhão do corpo,
do que houve que fazer para ganhar o nosso,
do que houve que esburgar para limpar o osso,
do que houve que descer para alcançar o céu,
já não digo esse de Vossa Reverência,
mas este onde estou, de azul e areia,
para onde, aos milhares, nos abalançamos,
como quem, às pressas, o corpo semeia.
(Alexandre O´Neill, Fim-de-semana,
In "Poesias Completas, 1984)
(Oahu Beach, fotografia de John Callahan)
Oh, que maldade! Ainda falta tanto para o "azul e areia". Ainda há tanto para "fazer", "esburgar" e "descer" :(
ResponderEliminarEu abalançava-me já, já!
Que tenhas um bom restinho de fim-de-semana!
"Wishful thinking", amiga :)
ResponderEliminarAinda teremos que "descer" por muitos afazeres, mas, quem sabe, "alcançaremos o céu". E a perspectiva desse horizonte é animadora :)
O'neill gostava de chamar os bois pelos nomes, céu é céu, e é, nós é que efabulamos muito sobre o céu. nós os efabuladores,o nosso céu já não é só esse que nos cobre mas um outro que ansiamos.
ResponderEliminarVia: acho que o próprio O'Neill o subscreveria. Em entrevista ao jornal "A Capital" (2/5/1968), expressou: "Sou parecidíssimo com a minha poesia. Entre a minha expressão coloquial e a minha expressão poética não há distância."
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