22 de setembro de 2010

Da transcendência


'A natureza e a vida humana são tão diversas como as nossas inúmeras constituições. Quem saberá que perspectiva oferece a vida a outro? Poderia haver milagre maior do que podermos ver através dos olhos de outrem por instantes? Deveríamos viver em todas as épocas do mundo numa hora. Melhor, em todos os mundos das épocas! História, Poesia, Mitologia! Não conheço leitura da experiência do outro tão surpreendente e instrutiva como esta seria'.
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(Henry David Thoreau, in 'Walden', 1854 - ed. portuguesa 'Onde Vivi e para que Vivi', Quasi Ed., 2008)
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(Pintura de John McCormick, 'Thoreau 3', sd.)

10 comentários:

  1. Esta passagem de Thoreau é belíssima por causa da impossibilidade de vermos através do outro. Mesmo que o fizéssemos por breves momentos, esse outro nunca seria o alvo porque as sombras determinam sempre uma história e cada pessoa é uma história una!
    Um nome encerra uma herança que não é escolhida... o nome determina em parte o que somos.
    Thoreau deixou-me inquieta. Todavia, a irrequietude é um bom sinal... estamos vivos!
    Boa noite R e obrigada por este texto.

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  2. Por vezes a vida são

    vagarosos instantes

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  3. A omnipresença e a omnisciência terá sido a tentação dos construtores da Babel: a superação da Criação?

    O Homem será capaz de todas as utopias.
    Exercitar essa capacidade e acalentar esse desiderato é salutar e estimulante.
    Concordo

    Num passado recente -- Em certa medida -- a CNN exercitou o relato da nossa contemporaneidade estando onde ocorriam, a qualquer instante, acontecimentos que interessavam a uma certa ideia de todo o auditório.
    Exauriu.

    A sugestão que deixas vai levar-me a verificar o autor citado.

    Bjs

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  4. Seria certamente instrutivo e desafiante. Quem nunca pensou em penetrar na pele de outro? De outros? Mas não subverteríamos um pouco toda a lógica do mundo? Que consequências adviriam dessa "ocupação" da mente do outro?
    Mas não deixa de ser interessante imaginar tal hipótese, quase à laia de exercício criativo:)

    Beijinhos!

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  5. R.:

    "... as nossas inúmeras constituições". Nesta perspectiva deixamos de ser "unos" para sermos diversos "outros". Eu acredito nessa capacidade de nos desdobrarmos sem deixarmos de perder a nossa identidade.

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  6. e somos um só e muitos, em diferentes planos, e em movimento, com saltos abruptos e deslizamentos.abraço

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  7. só me dá para comentários despropositados. fico-me por aqui.

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  8. Olá e muito obrigada a todos.

    Há muito que queria ler Thoreau. E agora que me dispus a fazê-lo, constato que vale bem a pena. É uma leitura bastante estimulante. Interpela-nos. Formula hipóteses, independentemente da sua exequibilidade, apenas pelo exercício de uma reflexiva interrogação. Aconselho vivamente.

    Um abraço a todos e os votos da continuação de uma excelente semana. Quem sabe, se com agradáveis descobertas também...

    PS: Rui, despropositados, ou não, são sempre bem-vindos :)

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  9. Perspectiva interessantíssima, esta, de um ter acesso à perspectiva dos outros.
    Não interessa estar a divagar sobre isso, mas que o comportamento humano seria muito diferente, ai isso seria.

    Beijo :)

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  10. Muito obrigada, AC :) Estou absolutamente de acordo. Nem que fosse, como refere o autor, 'por (breves) instantes'.

    Abraço!

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