[David Mourão-Ferreira (24/02/1927 - 16/6/1996),
Paraíso In "Infinito Pessoal", 1959-1962]
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Deixa ficar comigo a madrugada,
para que a luz do Sol me não constranja.Numa taça de sombra estilhaçada,
deita sumo de lua e de laranja.
Arranja uma pianola, um disco, um posto,
onde eu ouça o estertor de uma gaivota...
Crepite, em derredor, o mar de Agosto...E o outro cheiro, o teu, à minha volta!
Depois, podes partir. Só te aconselho
à cabeceira a luz do teu joelho,
entre os lençóis o lume do teu peito...
Podes partir. De nada mais preciso
para a minha ilusão do Paraíso.
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Sem comentários. Simplesmente belo.
ResponderEliminarBom aprender assim.
5 bjs
Sublime! Sublime na expressão do querer e sublime na expressão do desprendimento.
ResponderEliminarUm poeta maior, dizes bem.
Um beijinho e que tenhas um bom resto de semana!
R,
ResponderEliminarBelo, muito belo!
Bom fim-de-semana. :)
Boa noite, R.
ResponderEliminarO fim de semana passado, a RTP 2 fez uma programa conduzido pela Paulo Moura Pinheiro como tema da obra de David Mourão Ferreira.
Hei-de vê.lo no site da RTP.
Apanhei-o de raspão no Hotel na Covilhã e tive pena de não o ter podido acompanhar.
O DMF é um dos meus poetas preferidos.
Escreve deliciosamente.
De uma actualidade inexcedível.
Um príncipe nos ambientes dos afectos e da volúpia. e de tantas outras emoções da nossa tão veemente condição humana.
Que bom, sendo assim,poderm,os ter ao nosso dispor quem nos mostro, afinal como podemos, desejamos e nos congratulamos ser, partilhar e constituir cumplicidades tão fulgurantes.
Nota de rodapé:
A Serra está lindíssima;
As cerejas estão deliciosas;
As manhãs resplandeceram
E nós estivemos à beira da felicidade.
Pouco faltou para ouvir ecos da «Pastoral» do Beethoven no tão celebrado glaciar do Zêzere, a descer para Manteigas.
Quanto ao comentário da «Pipoca» -- Pura diversão -- ainda bem que gostaste. Ès sempre de uma generosidade inesquecível.
Bem hajas.
Bjs
Muito bonito
ResponderEliminarGrande, imenso poeta. Para reler todas as primaveras (minha preferência...)
ResponderEliminarVi o programa que o JPD refere, mas os interlocutores não estiveram à altura do poeta, achei.
Sempre vivo
ResponderEliminarnosso oásis
ResponderEliminarProcura a rosa.
ResponderEliminarOnde ela estiver
estás tu fora
de ti. Procura-a em prosa, pode ser
que em prosa ela floresça
ainda, sob tanta
metáfora; pode ser, e que quando
nela te vires te reconheças
como diante de uma infância
inicial não embaciada
de nenhuma palavra
e nenhuma lembrança.
Talvez possas então
escrever sem porquê,
evidência de novo da Razão
e passagem para o que não se vê.
Manuel António Pina, in "Nenhuma Palavra e Nenhuma Lembrança"
Um poema imenso! Muito.
ResponderEliminarBeijinhos, R.
Sinto falta dos teus posts e da tua companhia aqui na blogolândia. :(
ResponderEliminarEra só isto.
Beijo. Grande. :)
Oi R,
ResponderEliminarPassamos porque estamos com saudade.
Esteja bem.
bj