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Un amor indeciso se ha acercado a mi puerta...
Y no pasa; y se queda frente a la puerta abierta.
Yo le digo al amor: -¿Que te trae a mi casa?
Y el amor no responde, no saluda, no pasa...
Es un amor pequeño que perdió su camino:
Venía ya la noche... Y con la noche vino.
¡Qué amor tan pequeñito para andar con la sombra!...
¿Qué palabra no dice, qué nombre no me nombra?...
¿Qué deja ir o espera? ¿Qué paisaje apretado
se le quedó en el fondo de los ojos cerrado?
Este amor nada dice... Este amor nada sabe:
Es del color del viento, de la huella que un ave
deja en el viento... -Amor semi-despierto, tienes
los ojos neblinosos aun de Lázaro... Vienes
de una sombra a otra sombra con los pasos trocados
de los ebrios, los locos... ¡Y los resucitados!
Extraño amor sin rumbo que me gana y me pierde,
que huele las naranjas y que las rosas muerde...,
Que todo lo confunde, lo deja... ¡Y no lo deja!
Que esconde estrellas nuevas en la ceniza vieja...
Y no sabe morir ni vivir: Y no sabe
que el mañana es tan sólo el hoy muerto... El cadáver
futuro de este hoy claro, de esta hora cierta...
Un amor indeciso se ha dormido a mi puerta...
(Dulce Maria Loynaz, 'Amor Indeciso' in 'Poesia Completa', 1993)
Amor entra!!!deixa de ser tímido e arrebate!:)
ResponderEliminarMuito bonito... mesmo. Obrigada por esta partilha.
ResponderEliminarBom fim-de-semana. :)
Não conhecia esta autora, e este "Amor indeciso" é tão estranhamente real. Ao lê-lo tenho aquela sensação de embriaguês, de vacilação, de ir e arrepender-se, de querer e não querer, de não saber e contudo... este movimento descreve na perfeição muitos dos amores, são os nossos pequenos mas ternurentos amores, deixam poucas marcas e desaparecem em bicos de pés. muito bom.obrigada.
ResponderEliminarIsabel, se fosse o caso, eu dir-lhe-ia o mesmo :)
ResponderEliminardeep e via, muito obrigada a ambas. Também gostei muito do poema quando o encontrei, e daí a partilha. Fico contente por terem gostado.
E, sim, via, é uma descrição magnificamente realista. Gosto da forma como a autora personifica e materializa o amor.
Tenho para mim que vale a pena conhecer o percurso e obra desta autora Cubana.
Um abraço a todas e votos de um resoluto fim-de-semana! :)
Belíssimo poema,grande poetisa! Desconhecida para mim, e o que eu estava a perder! Obrigada, vou ler mais dela:))
ResponderEliminarAbraço
Belíssimo! Pode ser mesmo assim, não é? Toca muito a verdade, não há dúvida. Gostei particularmente daquela comparação com um ser embriagado: acho-a muito adequada :)
ResponderEliminarNão conhecia a autora, mas parece-me que é um nome a reter.
Que continues a ter um bom fim-de-semana!
O poema é muito bonito!
ResponderEliminarOs versos de que mais gostei no "amor indeciso" foram estes:
"Este amor nada dice... Este amor nada sabe:
Es del color del viento, de la huella que un ave"
- Un amor assi es doloroso.
Obrigada pela partilha.
Boa semana! :)
Caras Justine, Sara e ana, a melhor recompensa destas partilhas é a de perceber que são aprazíveis para quem por aqui passa. Muito obrigada às três. Alegra-me saber que vos agradou. Vale a pena revisitar este 'amor indeciso' em alguma obra da autora, ela própria personagem de um curioso percurso de vida.
ResponderEliminarUm abraço e votos de uma magnífica semana.
Desconhecia a autora. Gostei muito do poema e ainda mais da ideia deste amor indeciso! Valeu, caríssima R.
ResponderEliminar:)))
Muito obrigada, mdsol. Valeu (muito) pelo sempre simpátco comentário :)
ResponderEliminarAbraço!
Belíssimo poema.
ResponderEliminarTomei nota.
(Falta saber a editora. Lá chegarei), R.
Assim de repente, se esse amor viesse tocar à minha porta tirava-o num instantinho do seu estado de dissonância, mas depois apercebi-me que tiraria também a sua beleza... Então fica assim como a Dulce Loynaz o idealizou, que tem muita graça e verdade... :)
ResponderEliminarMuito "baloiçante" este poema :)
Não conhecia. Belíssimo poema. Vou ter que procurar mais sobre esta poetisa.
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