25 de março de 2011

Tenacidade

(Rivera, Los Sembradores, 1947)

Os dias prósperos não vêm do acaso: são granjeados, como as searas, a muita fadiga e com muitos intervalos de desalento.

(Camilo Castelo Branco In 'Estrelas Propícias')
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21 de março de 2011

Primavera à vista

O dia abre os olhos e penetra
numa primavera antecipada.
Tudo o que as minhas mãos tocam voa.
O mundo está cheio de pássaros.

(Octavio Paz, 'Primavera à vista' in Antologia Poética, Ed. Dom Quixote)
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15 de março de 2011

Agnosia

Não sei escrever poesia.
Limito-me a contemplar as palavras.
A acariciá-las.
A dedilhá-las como às contas de um rosário…

Escapam-me.

Afasto-me rendida
desavinda
ressabiada
jurando ignorá-las para sempre.

E de imediato regresso com inexorável urgência
pedindo-lhes que me perdoem o desvario,
numa dependência que é jugo e vício a uma só vez.

Perscruto-as.
Aproximo-me e distancio-me delas, em busca da melhor perspectiva…

Em vão.

É então que de novo desisto...
temporariamente, bem sei.
Até que me subjugue a abstinência
Insidiosa e implacável.

Não sei escrever poesia.

Mas gostava muito...
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12 de março de 2011

Prontidão

"It is not the strongest of the species that survives, nor the most intelligent, but the one most responsive to change."
(Charles Darwin)

[Eis o desafio que se (nos) impõe]
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4 de março de 2011

Nonsense

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Por alguma inexplicável razão, mais ainda porque não sou dada a saudosismos, ultimamente tenho tido frequentes reminiscências da adolescência. A última foi a da lengalenga nonsense que abaixo vos deixo. Efectivamente, não faz qualquer sentido. Mas, nesse particular, assemelha-se a este nosso mundo: profuso em paradoxos incompreensíveis…

Meia noite exactas em ponto:
Um homem nu, com uma espada no bolso,
entra por uma porta fechada.
Senta-se num banco feito de pau-de-pedra
e lê um jornal sem letras, à luz de um candeeiro apagado, que diz:
‘O mundo é uma bola quadrada que gira parada.
Mais vale morrer do 
que perder a vida’.
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(Fonte da Imagem)