21 de agosto de 2018

Manoel de Barros
por Glen Batoca (2017)

5 de maio de 2013

Para as mães




Para todas as mães: para as mães que nos geraram, para aquelas que nos alicerçaram e também para as que nos acompanham. Pessoalmente, presto uma sentida homenagem à minha mãe por reunir em si todas estas qualidades.










(Fotografia de Antanas Sutkus, "The mother's hand", 1966)

30 de dezembro de 2012

Receita (e votos) de Ano Novo

Porque ele se aproxima, "novinho em folha",
e faltando-me a verve para melhor o expressar, 
subscrevo e endereço-vos as palavras do poeta, 
com os votos de um magnífico Ano Novo.

"Para você ganhar belíssimo Ano Novo
cor de arco-íris, ou da cor da sua paz,
Ano Novo sem comparação com todo o tempo já vivido (...)
Não precisa fazer lista de boas intenções
para arquivá-las na gaveta.
Não precisa chorar de arrependido
pelas besteiras consumadas
nem parvamente acreditar
que por decreto da esperança
a partir de janeiro as coisas mudem (...)
Para ganhar um ano-novo
que mereça este nome,
você, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo de novo, eu sei que não é fácil,
mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre".

(Carlos Drummond de Andrade, "Receita de Ano Novo" In "Jornal do Brasil", 1997)


Imagem daqui

2 de dezembro de 2012

O homem da mulher


Ultimamente, um anúncio televisivo apresenta vários chefs de cozinha acompanhados de algum dos seus familiares (filhos, netos, etc.). O grau de parentesco dos intervenientes é indicado numa legenda, e num dos vários anúncios pode ler-se: “Fulana de tal, mulher do chef  Beltrano…”. Esta expressão formal, vulgo “mulher de”, não tem equivalente no masculino, habitualmente correspondente às expressões “esposo” ou “marido”. De cada vez que deparo com isto, interrogo-me sobre a aparente arqueologia “machizóide” desta expressão. Com efeito, não é raro encontrar referência à “mulher do sr. director” ou ”à mulher do sr. presidente”, mas em contexto de linguagem formal não se encontram expressões como “o homem da Sra. professora” ou o “homem da sra. dra.” A excepção a esta regra encontra-se na linguagem popular. Cá pelo Norte, região pródiga em mulheres com “pêlo na benta” (metaforicamente falando, sublinhe-se), não é raro ouvi-las dizer: “o meu homem isto” ou “o homem daquela, aquilo”. Gosto deste equivalente possessivo para o lado feminino. Com efeito, se uma “mulher” pode pertencer a um homem, então um “homem” também pode pertencer a uma mulher. Sou por isso da opinião que se inclua esta expressão na linguagem formal e se leia ou se ouça, com idêntica solenidade, "o homem da sra. ministra" ou o "homem da cidadã...". Faça-se, assim, justiça linguística e possessiva. 

Imagem daqui

18 de novembro de 2012

Porque gostam os gatos dos escritores?




«No âmbito de uma exposição sobre a vida e obra de Manuel António Pina, o Museu Nacional da Imprensa preparou um inquérito (cujos excertos reproduzimos aqui) sobre a relação dos escritores com os gatos. As perguntas simples que fizemos a vários escritores foram as seguintes: Por que gostam os escritores de gatos? Ou por que gostam os gatos dos escritores?» 


(@ Jornal Notícias em dossier de homenagem a Manuel António Pina, no dia em que celebraria 69 anos de idade)

14 de novembro de 2012

Gosto do Meu País

Gosto do meu País, mas às vezes o que me apetecia era fazer greve de Portugal. 
O que me impede é o amor que lhe tenho.

(Imagem @ DN, 14/11/2012)

11 de novembro de 2012

Aos caros amigos destas bandas

Meu caro amigo me perdoe, por favor/ Se eu não lhe faço uma visita
Mas como agora apareceu um portador/ Mando notícias nessa fita
Aqui na terra tão jogando futebol/ Tem muito samba, muito choro e rock'n'roll
Uns dias chove, noutros dias bate sol/ Mas o que eu quero é lhe dizer que a coisa aqui tá preta
Muita mutreta pra levar a situação/ Que a gente vai levando de teimoso e de pirraça (...)
É pirueta p'ra cavar o ganha-pão/ Que a gente vai cavando só de birra, só de sarro (...)
Meu caro amigo eu quis até telefonar/ Mas a tarifa não tem graça
Eu ando aflito p'ra fazer você ficar/ A par de tudo que se passa (...)
Muita careta p'ra engolir a transação/ 
E a gente tá engolindo cada sapo no caminho 

E a gente vai se amando que, também, sem um carinho (...)
Meu caro amigo eu bem queria lhe escrever/ Mas o correio andou arisco
Se me permite, vou tentar lhe remeter/ Notícias frescas nesse disco (...)
 


(Chico Buarque, "Meu caro amigo" In Álbum "Meus Caros Amigos", 1976) 

PS: Um abraço lembrado a todos os amigos deste círculo, com o desejo sincero de que estejam bem.