2 de fevereiro de 2010

Tributo ao meu bisavô (1909-2010)

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Longe vão os dias de 1909 que te viram nascer e crescer. Para mim sempre foste “velhinho”. Não porque o aparentasses, mas porque a data do teu BI mo sugeria. Nunca te ouvi lamentar a idade, nem as dificuldades, nem o passado. Sempre te vi de olhos postos no futuro, mesmo quando a contabilidade dos anos se aproximava da centena. Às adversidades que te derrubaram respondeste reerguendo-te. Ao desafio dos anos devolveste a indiferença de uma condição física e mental exemplar. Nunca desprezaste os jovens ou a juventude. Nunca desdenhaste do mundo e, pelo contrário, elogiavas-lhe os avanços e os dramáticos ganhos a que pudeste assistir e de que pudeste usufruir. Tu, que bem conhecias o sabor amargo da privação, não o esqueceste em prol de lamúrias e de fatalismos tão frequentemente atribuídos aos dias de hoje. Reconhecias que o mundo não é perfeito, mas que é bem melhor do que o conheceste. E, por fim, quando a doença sobreveio e percebeste que não a podias vencer, combateste-a como a todas as adversidades da tua vida: com serenidade, com determinação e até ao fim. Desta vez não venceste, querido “bisa”. Partiste. Mas fizeste-o com a mesma dignidade com que sempre viveste. Agradeço-te, por isso, o exemplo e a inspiração.

4 comentários:

  1. Os que amamos nunca partem. Estão presentes de outra forma nas nossas vidas sempre que os recordamos.

    Um abraço!

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  2. Muito obrigada, Guidinha. Também concordo. Vai-se o privilégio da sua presença, mas fica a sua indelével memória.Um abraço também.

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  3. Amiga, lamento tanto.
    Ainda na semana passada falavas dele. E, como sempre, as tuas palavras eram feitas de carinho e admiração. E, apesar deste belíssimo tributo que aqui lhe prestas, penso que o maior tributo que lhe poderás ter feito foi com a tua presença, também ela consistente.
    Mais do que na tua lembrança, o teu "bisa" continuará em ti, porque a sua serenidade e determinação já eu as encontro na tua pessoa. Nesse caso, podemos dizer que foi verdadeiramente inspirador.
    Beijo sentido

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  4. Sara, um igualmente sentido e sincero obrigada pelas tuas palavras e, acima de tudo, pela tua insubstituível e muito generosa amizade.

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