4 de outubro de 2010

percursos alternativos... em jeito de faz-de-conta

(Edgar Degas, O Ensaio, 1873 -1878)
.
Retomo a vida no momento em que a academia ficou sem professora de Ballet. (Não, não passaram dois anos até que outra a substituísse e, no entretanto, eu perdesse a oportunidade de prosseguir). Pouco depois da sua saída, recebemos um professor. Mais raros nestas lides. E com ele voltaram, também, a disciplina, o rigor e a elegância. - "Plié, demi-plié, relevé!" - ordenava. A mão apoiada na barra, o olhar altivo mas nunca arrogante, a postura direita, a suavidade e delicadeza dos gestos... Ao piano, o executante marcava o ritmo. Foi assim que acabei por integrar as maiores companhias do mundo. Fui 'Prima Ballerina' no Royal Ballet, e 'Étoile' no Ballet da Ópera de Paris. Se hoje vos escrevo, é porque já me reformei.

15 comentários:

  1. Um faz de conta muito convincente...
    Será mesmo faz de conta?

    Beijo :)

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  2. Ohhhhh
    Real ou faz-de-conta pouco me importa se é tanta a poesia.
    Lindo.

    :)))

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  3. Um faz-de-conta delicioso com Degas a assistir!
    Gostei muito. Bravo! :)
    Bom feriado com muitos "Plié, demi-plié, relevé":))

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  4. Se não fosse a nossa infinita capacidade de sonhar, como poderíamos perceber a pintura, a música, todas as artes?
    E tu "transcreves" tão bem a conversa com a menina do quadro - tantos anos depois:))

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  5. Ainda não há muito tempo "falávamos", noutro canto, das marcas indeléveis que deixam alguns mestres. Creio bem que uma das maiores é fazer nascer dentro de nós um mundo de possibilidades, independentemente do facto de se concretizarem.

    Reformada, mas uma permanente amante da arte! :)
    Beijinhos!

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  6. Tarefa:
    - Modelar flocos de neve;
    - Arrebanhar nuvens.
    Ora aladas ora com forma humana.
    Fadas.

    Foi a pensar nas Silfides que fizeste este excelente exercício de fantasia?

    Tenho quase a certeza disso...

    BVoa semana, R.

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  7. ainda não tinha dito o quanto gostei deste sonho?

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  8. Olá a todos!
    Não me canso de agradecer a delicadeza, simpatia e o interesse dos vossos comentários. Por isso, antes de mais, aqui fica um sincero 'obrigada'.

    A cada um, especificamente, diria:

    AC: os faz-de-conta sonhados também podem ser muito reais. Não podem? ;)

    mdsol: muito obrigada. Poesia e ballet consumam uma combinação mais-que-perfeita!

    Mar Arável: nunca. E sem limites! :)

    ana: penso que concordará que Degas foi um belíssimo 'testemunho' das bailarinas :)

    Justine: obrigada. Sonhar é bom e permite, sem dúvida, pôr a conversa em dia com quase tudo e todos. Até com 'a menina' que já fomos e transportamos para sempre connosco :)

    Rosa dos Ventos: obrigada. É um dos 'percursos' que me diverte fazer :)

    Sara: estou de acordo no que toca à multiplicidade de possibilidades que a experiência e os mestres nos podem inspirar. E, sim, há interesses de que nunca nos reformamos :)

    JPD: Como é que adivinhaste? :) Nas sílfides invisíveis e cândidas, e também n'A Sílfide maravilhosamente interpretada pelo Ballet da ópera de Paris. Ter-te-ão elas segredado alguma coisa? :)

    via: ficou dito da melhor forma :) Obrigada.

    Votos da continuação de uma excelente semana para todos, e o abraço de sempre!

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  9. R.,
    Linda metáfora tua, mas... pensas tu que te reformaste??
    Conheces alguém que se movimente com mais elegância natural??

    Eu não! ;)

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  10. Muito obrigada, querida Mia. É muita generosidade tua... Mas, ainda assim, fico desvanecida :)
    Um abracinho.

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  11. Obrigada, Jota Ene, sempre bem-vindo.

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  12. A ironia também faz parte da fantasia. Achei muita graça.

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