29 de abril de 2010

Da dança ou... do estar entre céu e chão

.

A dança? Não é movimento,
súbito gesto musical
É concentração, num momento,
da humana graça natural.

No solo não, no éter pairamos,
nele amaríamos ficar.
A dança - não vento nos ramos:
seiva, força, perene estar.

Um estar entre céu e chão (...)

(Carlos Drummond de Andrade,´A Dança e a Alma`
in "Antologia Poética", 1960)

(29 de Abril, Dia Mundial da Dança ou... de uma expressão ímpar do génio humano)

10 comentários:

  1. outro sublime, o Drummond de Andrade, fino, subtil e irónico. comungamos do mesmo gosto poético, sem dúvida!boa semana de sol!

    ResponderEliminar
  2. Obrigada, Via. Pelo que tenho observado, desconfio que partilhamos outros gostos também :) Votos recíprocos da continuação de uma boa semana!

    ResponderEliminar
  3. A dança espanta os males e alivia qualquer tipo de ansiedade!
    Por isso dancem, dancem muito! eu faço por isso...
    Por falar em dança e hoje sendo o dia mundial dela, se puderem apareçam no centro da cidade hoje pelas 18h...uma surpresa aguarda-vos!;)

    ResponderEliminar
  4. Sem dúvida, Isabel. A dança é um bom remédio para muitos "males". Diria, até, que nos está nos genes. Ao que parece é tão antiga quanto a nossa própria existência. Prova evidente que não passamos sem ela :) Quanto à "surpresa", também estou certa que valerá o esforço da deslocação ;)

    ResponderEliminar
  5. Sem querer ser atrevida em relação a Drummond, eu díria que dançar, "é um estar no céu entre nuvens e chão"... Mesmo para quem não domina a técnica do "perene estar"!

    ResponderEliminar
  6. Absolutamente, Mia. E o melhor de tudo é que não é preciso dominar para usufruir do "céu" :)

    ResponderEliminar
  7. Conheço bem o gosto pela dança da dona deste blog e de uma das suas comentadoras :) Apesar de não a partilhar na mesma medida, não deixa de ser uma grande forma de expressão, comunicação e diversão.
    Acho esta ideia de Drummond de situar a dança entre o céu e o chão, entre a sensibilidade e o rigor da concentração, muito feliz.

    ResponderEliminar
  8. Muito feliz é também a tua perspectiva acerca deste poema. Gostei muito... Muito obrigada :)

    ResponderEliminar
  9. No meu cérebro há uma memória inesgotável para arquivar melodias e reprduzi-las ate nos lugares mais improváveis, assobiando, cantando, fora de qualquer escala de oitavas, mas com um prazer inexcedível.

    Ponto!

    Porém, entre o meu ouvido, o meu cérebro e as ordens que são imanadas ao meu corpo há uma falha irremediável.
    Não tem a ver com a visão das coreografias de dança clássica e/ou moderna;
    Apenas - E eu tanto a lamento -- com a incapacidade de me pôr a dançar.
    Se fosse visto pelo Fred Astair e pela Ginger Roger a exercitar a mais basica das marcações de dança, induzi-los-ia ao homicídio... Hoje não estaria aqui a redigir este comentário.

    beijinhos.

    ResponderEliminar
  10. JPD, é muito divertida a sua formulação :) Se calhar os parâmetros que estabelece são inalcançáveis para a maioria dos mortais (que dificilmente poderiam agradar à Ginger Roger e ao Fred Astair). Felizmente, e como tão bem diz, a dança não carece de execução para dela se poder beneficiar. E ainda bem que assim é! :)

    ResponderEliminar