para todos os que se sucedem,
e para todos quantos o almejam,
autênticos votos de que:
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se multipliquem as concretizações
se somem as benesses
se dividam as alegrias
se subtraiam as inquietações
e se totalizem balanços positivos.
(Dalí, The Maids-in-Waiting (Las Meninas), 1960)
"Trouxe as palavras e colocou-as sobre a mesa" (Mª do Rosário Pedreira)
20 de dezembro de 2011
14 de dezembro de 2011
8 de dezembro de 2011
Da Rádio e da Literatura
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(Assinatura de Aquilino Ribeiro, aqui)
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Cada vez mais, aprecio a rádio. Incontestavelmente, enganaram-se os que vaticinaram a sua queda com o advento da televisão e, mais tarde, de outros meios audiovisuais. Há programas, temáticas e estilos para todos os gostos. Já aqui dei o exemplo da ópera. Desta vez, o protagonismo cabe à literatura. Fernando Alves, autor de belíssimos programas na TSF, convida-nos para a Rádio de Histórias, um pequeno e sublime momento dedicado ao universo da literatura infanto-juvenil. No passado dia 7, em visita a uma livraria do Porto, o destaque foi para O Romance da Raposa, de Aquilino Ribeiro: grandiloquente e incomparável mestre das letras. A citação escolhida desvenda o início da obra e, estou em crer, aguça o desejo da sua leitura. Reza assim: Havia três dias e três noites que a Salta-Pocinhas, raposa matreira, vagueira, lambisgueira, corria os bosques farejando, batendo mato, sem conseguir deitar a unha a outra caça além de uns míseros gafanhotos, nem atinar com um abrigo em que pudesse dormir um soninho descansado... Para os que ainda não tiveram oportunidade de conhecer o texto, e porque esta literatura não discrimina idades, aqui ficam a partilha e a sugestão.
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Bibliofilia,
Rádio
3 de dezembro de 2011
Do conhecimento e da sabedoria
The Eagle soars in the summit of Heaven,
The Hunter with his dogs pursues his circuit.
O perpetual revolution of configured stars,
O perpetual recurrence of determined seasons,
O world of spring and autumn, birth and dying
The endless cycle of idea and action,
Endless invention, endless experiment,
Brings knowledge of motion, but not of stillness;
Knowledge of speech, but not of silence;
Knowledge of words, and ignorance of the Word.
All our knowledge brings us nearer to our ignorance,
(...)
Where is the Life we have lost in living?
Where is the wisdom we have lost in knowledge?
Where is the knowledge we have lost in information?
O perpetual revolution of configured stars,
O perpetual recurrence of determined seasons,
O world of spring and autumn, birth and dying
The endless cycle of idea and action,
Endless invention, endless experiment,
Brings knowledge of motion, but not of stillness;
Knowledge of speech, but not of silence;
Knowledge of words, and ignorance of the Word.
All our knowledge brings us nearer to our ignorance,
(...)
Where is the Life we have lost in living?
Where is the wisdom we have lost in knowledge?
Where is the knowledge we have lost in information?
(T. S. Eliot para a peça de teatro The Rock, 1934)
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Bibliofilia poética
25 de novembro de 2011
Um caso de vida ou de morte
É o mote da campanha lançada hoje pelo Governo, para assinalar o Dia Internacional para a Eliminação da Violência Contra as Mulheres. Com o objectivo de combater a morte das mulheres por violência, apelando à denúncia e à mudança, a iniciativa contará, entre outras medidas, com a sensibilização das populações por via de um conjunto de imagens (algumas chocantes) veiculadas através de vídeos, outdoors, cartazes em autocarros, entre outras... Um dos vídeos está já disponível na página da APAV. Subscrevo a iniciativa, mas desaconselho a visualização aos mais sensíveis. Seja como for, nada impede a acção e o dever legal, mas acima de tudo, os deveres cívico e humano.
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Parêntesis Vários
A vida é feita (da soma) de pequenos nadas
Ontem como hoje: a eloquência de Sérgio Godinho
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(Segunda-feira / trabalhei de olhos fechados
na terça-feira / acordei impaciente
na quarta-feira / vi os meus braços revoltados
na quinta-feira / lutei com a minha gente
na sexta-feira / soube que ia continuar
no sábado / fui à feira do lugar
mais uma corrida, mais uma viagem
fim-de-semana é para ganhar coragem)
Muito boa noite, senhoras e senhores
muito boa noite, meninos e meninas
muito boa noite, Manuéis e Joaquinas
enfim, boa noite, gente de todas as cores
e feitios e medidas
e perdoem-me as pessoas
que ficaram esquecidas
…
Somos tantos a não ter quase nada
porque há uns poucos que têm quase tudo
mas nada vale protestar
o melhor ainda é ser mudo
…
E o que é certo
é que os que têm quase tudo
devem tudo aos que têm muito pouco
mas fechem bem esses ouvidos
que o melhor ainda é ser mouco
isto diz paternalmente
quem acha que é ponto assente
que isto nunca vai mudar
…
Ouvi dizer que quase tudo vale pouco
quem o diz não vale mesmo nada
porque não julguem que a gente
vai ficar aqui especada
à espera que a solução
seja servida em boião
com um rótulo: Veneno!
é para tomar desde pequeno
às colheradas
a vida é feita de pequenos nadas…
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(Segunda-feira / trabalhei de olhos fechados
na terça-feira / acordei impaciente
na quarta-feira / vi os meus braços revoltados
na quinta-feira / lutei com a minha gente
na sexta-feira / soube que ia continuar
no sábado / fui à feira do lugar
mais uma corrida, mais uma viagem
fim-de-semana é para ganhar coragem)
Muito boa noite, senhoras e senhores
muito boa noite, meninos e meninas
muito boa noite, Manuéis e Joaquinas
enfim, boa noite, gente de todas as cores
e feitios e medidas
e perdoem-me as pessoas
que ficaram esquecidas
…
Somos tantos a não ter quase nada
porque há uns poucos que têm quase tudo
mas nada vale protestar
o melhor ainda é ser mudo
…
E o que é certo
é que os que têm quase tudo
devem tudo aos que têm muito pouco
mas fechem bem esses ouvidos
que o melhor ainda é ser mouco
isto diz paternalmente
quem acha que é ponto assente
que isto nunca vai mudar
…
Ouvi dizer que quase tudo vale pouco
quem o diz não vale mesmo nada
porque não julguem que a gente
vai ficar aqui especada
à espera que a solução
seja servida em boião
com um rótulo: Veneno!
é para tomar desde pequeno
às colheradas
a vida é feita de pequenos nadas…
(Sérgio Godinho, "A vida é feita de pequenos nadas" In "Pano Crú", 1978)
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Parêntesis Vários
12 de novembro de 2011
Einstein on the Beach
Einstein on the Beach dá título a uma famosa ópera "conceptual", da autoria de Phillip Glass e dirigida por Robert Wilson. Estreou em 1976 e teve honras de abertura do festival Francês de Avignon. Sem pretensões de coerência biográfica ou narrativa, o trabalho procurava homenagear, de uma forma original, a figura de Albert Einstein. Entre as diversas peculiaridades da obra, conta-se a duração de quase 4 horas ininterruptas, com a condição prévia de que os espectadores não poderiam abandonar o espectáculo antes do seu término. Assumidamente melómano, Einstein terá dito: A vida sem música, sem tocar música, é inconcebível para mim. Vivo os meus sonhos acordado em música. Vejo a minha vida em termos musicais. E a maior parte da felicidade que tenho na vida, vem da música. As palavras são citadas por Pedro Amaral no magnífico Véu Diáfano, um programa da Antena 2. Também aí se ouve que, tratando-se de um exímio violinista e músico amador, o cientista terá tocado com variadas personalidades e orquestras de reconhecido mérito. A este propósito, o autor do programa prossegue: Conta-se que um dia, num ensaio com o famoso quarteto de Budapeste, ao fim de uma série de entradas falsas, o Primeiro Violino, Alexander Scheneider, parou o quarteto e disse, meio a brincar: Caramba, Albert! Não sabes contar?
Fotografia da Fundação Bryd Hoffman, fonte Aqui
(para ouvir o programa)
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Lexicofilia; Parêntesis Vários,
Parêntesis para citação,
Rádio
6 de novembro de 2011
1 de novembro de 2011
Ouvido...
Num contexto improvável, ouvi alguém dizer:
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Cada minuto que passa é uma nova oportunidade de mudar tudo para sempre.
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Cada minuto que passa é uma nova oportunidade de mudar tudo para sempre.
(...) É impossível voltar ao princípio, mas é possível construir um novo fim.
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Parêntesis para citação
27 de outubro de 2011
Natureza Viva
Até 8 de Janeiro está patente no Museu Calouste Gulbenkian a segunda parte da exposição "A Perspectiva das Coisas. A Natureza-Morta na Europa". Dedicada aos pintores dos séc.s XIX e XX, esta mostra reúne, sob a égide da natureza-morta, trabalhos de artistas como Cézanne, Van Gogh, Matisse ou Gauguin. Se em alguns destes a temática não surpreende, outros há que se afigurariam mais improváveis, como é o caso de Picasso, Dalí ou Magritte. Em alturas como estas, tenho para mim que cuidar do espírito é um dever superlativo. Por isso, tenciono aproveitar esta oportunidade imperdível e usufruir da contemplação destas obras que mantêm vivos os grandes mestres que as originaram. Aos interessados, resta-me deixar o repto habitual: 'Bora lá?
Pintura de Pablo Picasso: Pote, Tigela e Limão (1907).
(Fundação Beyeler, referenciada aqui)
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Parêntesis Vários
14 de outubro de 2011
Lexicofilia para os tempos que correm
Resiliência
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Da Física: Resistência de um material ao choque ou a uma fonte de tensão. Propriedade dos materiais que deformam sem quebrar, retomando a morfologia original.
Da Física: Resistência de um material ao choque ou a uma fonte de tensão. Propriedade dos materiais que deformam sem quebrar, retomando a morfologia original.
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Da Psicologia: Termo importado da Física para caracterizar a capacidade humana de resistir à adversidade sem sucumbir psicologicamente. Não implica a negação do sofrimento mas, antes, a sua superação.
.Da Psicologia: Termo importado da Física para caracterizar a capacidade humana de resistir à adversidade sem sucumbir psicologicamente. Não implica a negação do sofrimento mas, antes, a sua superação.
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Lexicofilia; Parêntesis Vários
6 de outubro de 2011
(Nova) Classificação das disfunções psicológicas

Contra tudo o que sei e penso, há dias em que me apetece propor uma nova tipologia para as queixas de natureza psicológica, a saber:
A. As factuais
B. As ampliadas
C. As imaginadas
(Tradução livre: "Há quanto tempo manifesta este complexo de perseguição"?)
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Parêntesis Vários
29 de setembro de 2011
Do primeiro amor
Dizem que não há amor como o primeiro. E eu concordo.
O meu, durou até à exaustão. E o reencontro foi muito emocionante.
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Parêntesis Vários
24 de setembro de 2011
Lexicofilia (3)
Cumplicidade:
compreensão profunda, por vezes não expressa, entre duas ou mais pessoas.
(In Dicionário da Língua Portuguesa, 2011, Porto Editora)
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compreensão profunda, por vezes não expressa, entre duas ou mais pessoas.
(In Dicionário da Língua Portuguesa, 2011, Porto Editora)
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Lexicofilia; Parêntesis Vários
15 de setembro de 2011
Da hegemonia feminina

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Lá em casa predomina o sexo feminino: em número e em espécie. Depois da humanídea e da canídea, não seria justo omitir a felídea. O retrato faz prova do seu temperamento: curiosa e um bocadinho altiva. E esta pose lembra-me invariavelmente o culto egípcio aos gatos. Em comum, temos o gosto pelo ronronar: ela por praticá-lo e eu por escutá-lo. Não há ansiolítico que se lhe compare...
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Parêntesis Vários
6 de setembro de 2011
Dos melhores amigos...
A ‘melhor amiga’ lá de casa tem molas nos pés. Perdão, nas patas. Nos seus loucos 9 meses entrevê-se a alegria e inconsequência da ‘infância’. Imparável, saltita constantemente à nossa volta, pula declives que ultrapassam largamente o seu tamanho, corre desarvoradamente sem propósito e, automobilisticamente falando, chega "dos zero aos 100" em poucos segundos.
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Se lhe atendemos, responde-nos com entusiasmo e carinho inexcedíveis: o rabo agita-se desvairado (de tal modo frenético, que esperamos vê-lo transformar-se numa hélice que a há-de levar pelos ares); os beijos incessantes (vulgo, lambidelas) atiram-se a tudo quanto alcançam; e se nos sentamos, senta-se connosco, assegurando-se de que não sobra um milímetro de espaço entre ambos.
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Carinhosamente, debito pérolas que ofenderiam algumas sensibilidades, mas não a dela, que sabe que a adoro. Enquanto a observo vou dizendo: -“Quem tem uns bigodes de respeito? Mas onde já se viu uma loira com bigode? Não te aflijas. Os da tua espécie gostam assim…” Ela olha-me com aparente atenção, e eu lembro-me da publicidade que retrata os animais a ouvir ‘blá, blá, blá, blá, blá, blá…’ Sei que assim é. Mas sei também que, independentemente da linguagem verbal, o apreço e o entendimento são recíprocos.
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Carinhosamente, debito pérolas que ofenderiam algumas sensibilidades, mas não a dela, que sabe que a adoro. Enquanto a observo vou dizendo: -“Quem tem uns bigodes de respeito? Mas onde já se viu uma loira com bigode? Não te aflijas. Os da tua espécie gostam assim…” Ela olha-me com aparente atenção, e eu lembro-me da publicidade que retrata os animais a ouvir ‘blá, blá, blá, blá, blá, blá…’ Sei que assim é. Mas sei também que, independentemente da linguagem verbal, o apreço e o entendimento são recíprocos.
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19 de agosto de 2011
Tripetrepe
Que é como quem diz: de mansinho... pé ante pé.
Assim se faz este regresso. Hesitante ainda, mas esperançado na jornada.
(Imagem: Jacqueline ensinando Picasso, 1957, por David Douglas Duncan)
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Assim se faz este regresso. Hesitante ainda, mas esperançado na jornada.
(Imagem: Jacqueline ensinando Picasso, 1957, por David Douglas Duncan)
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Lexicofilia; Parêntesis Vários
1 de julho de 2011
Interlúdio
Interlúdio, pausa, parêntesis, intervalo, interrupção... foi o que o ritmo dos dias impôs a este espaço.
Aproveitamos uma fugaz oportunidade para assegurar a tod@s que os lembramos na ausência.
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16 de junho de 2011
Paraíso de um poeta maior
[David Mourão-Ferreira (24/02/1927 - 16/6/1996),
Paraíso In "Infinito Pessoal", 1959-1962]
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Deixa ficar comigo a madrugada,
para que a luz do Sol me não constranja.Numa taça de sombra estilhaçada,
deita sumo de lua e de laranja.
Arranja uma pianola, um disco, um posto,
onde eu ouça o estertor de uma gaivota...
Crepite, em derredor, o mar de Agosto...E o outro cheiro, o teu, à minha volta!
Depois, podes partir. Só te aconselho
à cabeceira a luz do teu joelho,
entre os lençóis o lume do teu peito...
Podes partir. De nada mais preciso
para a minha ilusão do Paraíso.
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Bibliofilia poética,
Parêntesis cronológico
12 de junho de 2011
Em vésperas de Santo António
Aqui ficam composições de homenagem à cidade que se veste de festa
É varina, usa chinela,
tem movimentos de gata;
na canastra, a caravela,
no coração, a fragata.
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Em vez de corvos no xaile,
gaivotas vêm pousar.
Quando o vento a leva ao baile,
baila no baile com o mar.
.
É de conchas o vestido,
tem algas na cabeleira,
e nas veias o latido
do motor duma traineira.
.
Vende sonho e maresia,
tempestades apregoa.
Seu nome próprio: Maria.
Seu apelido: Lisboa.
(Maria Lisboa por David Mourão-Ferreira e Alain Oulman.
Tema originalmente interpretado por Amália Rodrigues e aqui na voz de Mariza)
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(Pintura de J. B. Durão, Lisboa, Sé Catedral, 2009)
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É varina, usa chinela,
tem movimentos de gata;
na canastra, a caravela,
no coração, a fragata.
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Em vez de corvos no xaile,
gaivotas vêm pousar.
Quando o vento a leva ao baile,
baila no baile com o mar.
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É de conchas o vestido,
tem algas na cabeleira,
e nas veias o latido
do motor duma traineira.
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Vende sonho e maresia,
tempestades apregoa.
Seu nome próprio: Maria.
Seu apelido: Lisboa.
(Maria Lisboa por David Mourão-Ferreira e Alain Oulman.
Tema originalmente interpretado por Amália Rodrigues e aqui na voz de Mariza)
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(Pintura de J. B. Durão, Lisboa, Sé Catedral, 2009)
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Parêntesis cronológico,
Parêntesis Vários
6 de junho de 2011
Das eleições
Quem te sagrou criou-te português,
Do mar e nós em ti nos deu sinal.
Cumpriu-se o Mar, e o Império se desfez.
Senhor, falta cumprir-se Portugal!
(Fernando Pessoa, 'O Infante' in Mensagem, Ed. Centro Atlântico, 2010)
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1 de junho de 2011
Da Criança
Os que te amam sejam como o sol
no cimo do seu esplendor*
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*José Tolentino Mendonça 'do Canto de Débora' In 'A Estrada Branca', 2005, Assírio & Alvim)
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30 de maio de 2011
Porque há músicas assim
Para começar a semana com (bom) ritmo!
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(...)
Everybody's got the fever, that is something you all know
Fever isn't such a new thing, fever started long ago.
Romeo loved Juliet, Juliet she felt the same
When he put his arms around her, he said "Julie baby you're my flame"
Thou giveth fever, when we kisseth, fever with thy flaming youth
Fever - I'm afire, fever yea I burn forsooth.
(...)
What a lovely way to burn
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[Fever na voz de Peggy Lee (1958).
Tema de Eddie Cooley e John Davenport,
originalmente interpretado por Little Willie John em 1956]
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[Fever na voz de Peggy Lee (1958).
Tema de Eddie Cooley e John Davenport,
originalmente interpretado por Little Willie John em 1956]
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28 de maio de 2011
Desabafos: Let it rain!
Que chova! Que chova!
Que a chuva leve este peso invisível
esta atmosfera opressiva e asfixiante
este sol impedioso e dissimulado...
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26 de maio de 2011
Porque colorir é preciso
(Aquarela por Toquinho em co-autoria com Vinicius de Moraes,
G.Morra e M.Fabrizio, 1983)
G.Morra e M.Fabrizio, 1983)
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Numa folha qualquer
Eu desenho um sol amarelo
E com cinco ou seis retasEu desenho um sol amarelo
É fácil fazer um castelo...
Corro o lápis em torno
Da mão e me dou uma luva
E se faço chover
Com dois riscos
Tenho um guarda-chuva...
Se um pinguinho de tinta
Cai num pedacinho
Azul do papel
Num instante imagino
Uma linda gaivota
A voar no céu...
Vai voando
Contornando a imensa
Curva Norte e Sul
Vou com ela
Viajando Havaí
Pequim ou Istambul
Pinto um barco a vela
Brando navegando
É tanto céu e mar
Num beijo azul...
Entre as nuvens
Vem surgindo um lindo
Avião rosa e grená
Tudo em volta colorindo
Com suas luzes a piscar...
Basta imaginar e ele está
Partindo, sereno e lindo
Se a gente quiser
Ele vai pousar...
Numa folha qualquer
Eu desenho um navio
De partida
Com alguns bons amigos
Bebendo de bem com a vida...
De uma América a outra
Eu consigo passar num segundo
Giro um simples compasso
E num círculo eu faço o mundo...
Um menino caminha
E caminhando chega no muro
E ali logo em frente
A esperar pela gente
O futuro está...
E o futuro é uma astronave
Que tentamos pilotar
Não tem tempo, nem piedade
Nem tem hora de chegar
Sem pedir licença
Muda a nossa vida
E depois convida
A rir ou chorar...
Nessa estrada não nos cabe
Conhecer ou ver o que virá
O fim dela ninguém sabe
Bem ao certo onde vai dar
Vamos todos
Numa linda passarela
De uma aquarela
Que um dia enfim
Descolorirá...
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24 de maio de 2011
Retratos Imaginados
(Florbela Espanca por Carlos Botelho, 2008)
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Que dias há que na alma me tem posto
Um não sei quê, que nasce não sei onde,
Vem não sei como, e dói não sei porquê
(Luís Vaz de Camões)
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20 de maio de 2011
Silêncio Prolixo
Me gustas cuando callas porque estás como ausente,
y me oyes desde lejos, y mi voz no te toca.
Parece que los ojos se te hubieran volado
y parece que un beso te cerrara la boca.
Como todas las cosas están llenas de mi alma
emerges de las cosas, llena del alma mía.
Mariposa de sueño, te pareces a mi alma,
y te pareces a la palabra melancolía.
Me gustas cuando callas y estás como distante.
Y estás como quejándote, mariposa en arrullo.
Y me oyes desde lejos, y mi voz no te alcanza:
déjame que me calle con el silencio tuyo.
Déjame que te hable también con tu silencio
claro como una lámpara, simple como un anillo.
Eres como la noche, callada y constelada.
Tu silencio es de estrella, tan lejano y sencillo.
Me gustas cuando callas porque estás como ausente.
Distante y dolorosa como si hubieras muerto.
Una palabra entonces, una sonrisa bastan.
Y estoy alegre, alegre de que no sea cierto.
(Pablo Neruda In 'Vinte poemas de amor e uma canção desesperada', Poema XV, Ed. D. Quixote)
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Bibliofilia poética
16 de maio de 2011
Para descomprimir... 'Rave on'
(M. Ward*, Rave On, In Álbum 'Hold Time', 2009)
Música original de Sonny West, 1958
*Amanhã na Aula Magna e Quarta-feira no Teatro Sá da Bandeira
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10 de maio de 2011
O sopro da vida
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5 de maio de 2011
Infindável
Ando às voltas com a palavra infindável. Tenho entre mãos um trabalho infindável, que continuamente me exaspera, me interpela, me inquieta, me desafia… É uma espécie de teste de resistência. Um trabalho caprichoso, frustrante, lento, muuuuuuuuuuuuuito lento… Dedico-lhe horas, dias e muito tempo mais (se somado todo o tempo que já lhe dediquei). Quando o terminar, ao contrário do que é politicamente correcto neste tipo de trabalhos, não vou dedicá-lo aos pais, aos amigos, aos colegas… Vou, isso sim, dedicá-lo à minha própria paciência.
3 de maio de 2011
Revolução a nu
Sila Sahin, 25 anos, modelo Turca e a primeira mulher muçulmana a posar nua para a Playboy. A atitude custou-lhe as relações familiares e granjeou-lhe duras críticas da comunidade muçulmana. Contudo, Sila Sahin não cede ao arrependimento e, pelo contrário, desafia as mulheres muçulmanas à auto-determinação.
No século XXI, a simbologia e a necessidade de queimar soutiãs* ainda não parecem ter fim à vista.
*episódio simbolicamente protagonizado nos anos 60 por activistas Norte-Americanas do Women’s Liberation Movement.
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25 de abril de 2011
As Portas que Abril Abriu
(...)
um dia plantou um cravo.
(...)
Foi então que Abril abriu
as portas da claridade
e a nossa gente invadiu
a sua própria cidade.
Disse a primeira palavra
na madrugada serena
um poeta que cantava
o povo é quem mais ordena.
De tudo o que Abril abriu
ainda pouco se disse
um menino que sorriu
uma porta que se abrisse
um fruto que se expandiu
um pão que se repartisse
um capitão que seguiu
o que a história lhe predisse
e entre vinhas sobredos
vales socalcos searas
serras atalhos veredas
lezírias e praias claras
um povo que levantava
sobre um rio de pobreza a bandeira em que ondulava
a sua própria grandeza!
De tudo o que Abril abriu
ainda pouco se disse
e só nos faltava agora
que este Abril não se cumprisse.
(José Carlos Ary dos Santos, As Portas que Abril Abriu, 1975)
Imagem: Cartaz de Maria Helena Vieira da Silva
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Imagem: Cartaz de Maria Helena Vieira da Silva
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Parêntesis cronológico
21 de abril de 2011
Mãos à Obra! (1)
Começo por citar um provérbio Africano, generosamente partilhado pela A.A. no rodapé dos seus emails. Reza assim: 'Muita gente pequena, em muitos lugares pequenos, a fazer pequenas coisas, pode mudar o mundo'. É pois chegada a hora de reunir os pequenos esforços individuais num todo colectivo, que contribua para combater e superar as dificuldades presentes e as que ainda se avizinham. Ficarão por aqui algumas ideias e todas as vossas serão igualmente bem-vindas.

Depois de um banho com sabonete (Made in France) e enquanto o café (importado da Colômbia) estava a fazer na máquina (Made in Chech Republic), barbeou-se com a máquina eléctrica (Made in China). Vestiu uma camisa (Made in Sri Lanka), jeans de marca (Made in Singapure) e um relógio de bolso (Made in Swiss). Depois de preparar as torradas de trigo (produced in USA) na sua torradeira (Made in Germany) e enquanto tomava o café numa chávena (Made in Spain), pegou na máquina de calcular (Made in Korea) para ver quanto é que poderia gastar nesse dia e consultou a Internet no seu computador (Made in Thailand) para ver as previsões meteorológicas. Depois de ouvir as notícias pela rádio (Made in Índia), ainda bebeu um sumo de laranja (produced in Israel), entrou no carro (Made in Sweden) e continuou à procura de emprego. Ao fim de mais um dia frustrante, com muitos contactos feitos através do seu telemóvel (Made in Finland) e, após comer uma pizza (Made in Italy), o António decidiu relaxar por uns instantes. Calçou as suas sandálias (Made in Brasil), sentou-se num sofá (Made in Denmark), serviu-se de um copo de whisky (produced in Scotland), ligou a TV (Made in Indonésia) e pôs-se a pensar porque é que não conseguia encontrar um emprego em Portugal...
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19 de abril de 2011
Contagem decrescente
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Numa altura em que a desgraça domina os ‘tablóides’, em que impera o alarmismo e se alvitra repetidamente sobre a inevitabilidade de fatalidades futuras, domina-me a ideia de contagem decrescente (outros chamar-lhe-iam 'optimismo delirante', calculo...). Acredito que já a iniciámos. Contagem decrescente em direcção à superação que há-de vir. Não importa se partimos de cinco milhões, novecentos e noventa e nove mil, seiscentos e setenta e dois. O importante é que se lhe seguem cinco milhões, novecentos e noventa e nove mil, seiscentos e setenta e um.
Ressalva: Este post é dedicado à via, que positivamente me invectivou a atender ao blogue.
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10 de abril de 2011
Ervilha
Desconheço o nome que consta do BI (ou do cartão de cidadão). Todos o conhecem por ‘Ervilha’. E é também assim que se apresenta.
Pertence à classe dos designados ‘arrumadores de automóveis’.
Pertence à classe dos designados ‘arrumadores de automóveis’.
A figura é frágil, a pele macilenta, o cabelo esparso, comprido e desgrenhado. Aparenta estar na casa dos 50, mas é sabido que nestes casos a aspereza da vida impõe um retrato raramente fiável. Os olhos pequenos, escuros e fundos, sempre inquietos, alternam incessantemente entre o interlocutor e o horizonte, entre o pestanejar ritmado e o arquear das sobrancelhas. O corpo é um magro cabide, que sustenta roupas sempre largas e de tamanho desproporcionado.
Paradoxalmente, convive lado a lado com a esquadra da polícia. ‘Sem espinha’ – já mo disse. Todos julgamos saber o que o move. Saberemos? Persegue-nos desde a saída do automóvel até ao limite do estacionamento. Não olha para a moeda que arbitrariamente lhe colocamos na mão e aborda-nos com inesgotável assunto. Não importa o dia ou o tempo decorrido desde a última vez que nos viu. Dirige-se-nos alternando entre pronomes pessoais: – ‘Viste a polícia aí? Olhe, fui eu que os chamei. Estava aí um carro, de certeza, roubado!’. ‘Vi, sim’ – respondo. - ‘Fez muito bem’. – ‘Pois. Eu aqui topo tudo!’ – continua, enquanto me acompanha até à estrada que atravessarei. Avanço à mudança do sinal para os peões. Só aí nos despedimos: ‘Até logo’ – digo-lhe.
O Ervilha detém-se do lado de lá da fronteira que é a estrada. A fronteira que delimita o seu território. Uma fronteira física, bem menor do que a fronteira que divide o seu mundo de outros mundos. Rapidamente se volta à procura de mais ‘clientes’; creio que bem mais ávido de contacto humano do que de qualquer outra recompensa.
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Parêntesis Vários
1 de abril de 2011
Neruda sem pAR
Andando en un camino / encontré al aire,
lo saludé y le dije / con respeto:
“Me alegro / de que por una vez
dejes tu transparencia, / así hablaremos”.
Él incansable, / bailó, movió las hojas,
sacudió con su risa / el polvo de mis suelas,
y levantando toda / su azul arboladura,
su esqueleto de vidrio, / sus párpados de brisa,
inmóvil como un mástil / se mantuvo escuchándome.
Yo le besé su capa / de rey del cielo,
me envolví en su bandera / de seda celestial
y le dije:
monarca o camarada, / hilo, corola o ave,
no sé quien eres, pero / una cosa te pido,
no te vendas.
El agua se vendió / y de las cañerías
en el desierto / he visto
terminarse las gotas / y el mundo pobre, el pueblo
caminar con su sed / tambaleando en la arena.
Vi la luz de la noche / racionada,
la gran luz en la casa / de los ricos.
Todo es aurora en los / nuevos jardines suspendidos,
todo es oscuridad / en la terrible / sombra del callejón.
(…)
No, aire,
no te vendas,
que no te canalicen,
que no te entuben,
que no te encajen
ni te compriman,
que no te hagan tabletas,
que no te metan en una botella,
cuidado!
llámame
cuando me necesites,
yo soy el poeta hijo / de pobres, padre, tío,
primo, hermano carnal / y concuñado
de los pobres, de todos, / de mi patria y de las otras,
(…)
y por eso / yo quiero que respiren,
tú eres lo único que tienen,
por eso eres / transparente,
para que vean / lo que vendrá mañana,
por eso existes, / aire,
déjate respirar, / no te encadenes,
no te fíes de nadie / que venga en automóvil
a examinarte,
déjalos,
ríete de ellos,
vuélales el sombrero,
no aceptes / sus proposiciones,
vamos juntos
bailando por el mundo,
(…)
nos queda mucho
que bailar y cantar,
vamos
a lo largo del mar,
a lo alto de los montes,
vamos
donde esté floreciendo / la nueva primavera
y en un golpe de viento / y canto
repartamos las flores, / el aroma, los frutos,
el aire
de mañana.
(Pablo Neruda, Oda al Aire in 'Odas Elementales', 1954, Ed. Losada)
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lo saludé y le dije / con respeto:
“Me alegro / de que por una vez
dejes tu transparencia, / así hablaremos”.
Él incansable, / bailó, movió las hojas,
sacudió con su risa / el polvo de mis suelas,
y levantando toda / su azul arboladura,
su esqueleto de vidrio, / sus párpados de brisa,
inmóvil como un mástil / se mantuvo escuchándome.
Yo le besé su capa / de rey del cielo,
me envolví en su bandera / de seda celestial
y le dije:
monarca o camarada, / hilo, corola o ave,
no sé quien eres, pero / una cosa te pido,
no te vendas.
El agua se vendió / y de las cañerías
en el desierto / he visto
terminarse las gotas / y el mundo pobre, el pueblo
caminar con su sed / tambaleando en la arena.
Vi la luz de la noche / racionada,
la gran luz en la casa / de los ricos.
Todo es aurora en los / nuevos jardines suspendidos,
todo es oscuridad / en la terrible / sombra del callejón.
(…)
No, aire,
no te vendas,
que no te canalicen,
que no te entuben,
que no te encajen
ni te compriman,
que no te hagan tabletas,
que no te metan en una botella,
cuidado!
llámame
cuando me necesites,
yo soy el poeta hijo / de pobres, padre, tío,
primo, hermano carnal / y concuñado
de los pobres, de todos, / de mi patria y de las otras,
(…)
y por eso / yo quiero que respiren,
tú eres lo único que tienen,
por eso eres / transparente,
para que vean / lo que vendrá mañana,
por eso existes, / aire,
déjate respirar, / no te encadenes,
no te fíes de nadie / que venga en automóvil
a examinarte,
déjalos,
ríete de ellos,
vuélales el sombrero,
no aceptes / sus proposiciones,
vamos juntos
bailando por el mundo,
(…)
nos queda mucho
que bailar y cantar,
vamos
a lo largo del mar,
a lo alto de los montes,
vamos
donde esté floreciendo / la nueva primavera
y en un golpe de viento / y canto
repartamos las flores, / el aroma, los frutos,
el aire
de mañana.
(Pablo Neruda, Oda al Aire in 'Odas Elementales', 1954, Ed. Losada)
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Bibliofilia poética
25 de março de 2011
Tenacidade
(Rivera, Los Sembradores, 1947)
Os dias prósperos não vêm do acaso: são granjeados, como as searas, a muita fadiga e com muitos intervalos de desalento.
(Camilo Castelo Branco In 'Estrelas Propícias')
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Parêntesis para citação
21 de março de 2011
Primavera à vista
O dia abre os olhos e penetra
numa primavera antecipada.
Tudo o que as minhas mãos tocam voa.
O mundo está cheio de pássaros.
(Octavio Paz, 'Primavera à vista' in Antologia Poética, Ed. Dom Quixote)
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numa primavera antecipada.
Tudo o que as minhas mãos tocam voa.
O mundo está cheio de pássaros.
(Octavio Paz, 'Primavera à vista' in Antologia Poética, Ed. Dom Quixote)
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Bibliofilia poética
15 de março de 2011
Agnosia
Não sei escrever poesia.
Limito-me a contemplar as palavras.
A acariciá-las.
A dedilhá-las como às contas de um rosário…
Escapam-me.
Afasto-me rendida
desavinda
ressabiada
jurando ignorá-las para sempre.
E de imediato regresso com inexorável urgência
pedindo-lhes que me perdoem o desvario,
numa dependência que é jugo e vício a uma só vez.
Perscruto-as.
Aproximo-me e distancio-me delas, em busca da melhor perspectiva…
Em vão.
É então que de novo desisto...
temporariamente, bem sei.
Até que me subjugue a abstinência
Insidiosa e implacável.
Não sei escrever poesia.
Mas gostava muito...
.
Limito-me a contemplar as palavras.
A acariciá-las.
A dedilhá-las como às contas de um rosário…
Escapam-me.
Afasto-me rendida
desavinda
ressabiada
jurando ignorá-las para sempre.
E de imediato regresso com inexorável urgência
pedindo-lhes que me perdoem o desvario,
numa dependência que é jugo e vício a uma só vez.
Perscruto-as.
Aproximo-me e distancio-me delas, em busca da melhor perspectiva…
Em vão.
É então que de novo desisto...
temporariamente, bem sei.
Até que me subjugue a abstinência
Insidiosa e implacável.
Não sei escrever poesia.
Mas gostava muito...
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Parêntesis Vários
12 de março de 2011
Prontidão
"It is not the strongest of the species that survives, nor the most intelligent, but the one most responsive to change."
(Charles Darwin)
[Eis o desafio que se (nos) impõe]
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Parêntesis para citação
4 de março de 2011
Nonsense
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Por alguma inexplicável razão, mais ainda porque não sou dada a saudosismos, ultimamente tenho tido frequentes reminiscências da adolescência. A última foi a da lengalenga nonsense que abaixo vos deixo. Efectivamente, não faz qualquer sentido. Mas, nesse particular, assemelha-se a este nosso mundo: profuso em paradoxos incompreensíveis…
Por alguma inexplicável razão, mais ainda porque não sou dada a saudosismos, ultimamente tenho tido frequentes reminiscências da adolescência. A última foi a da lengalenga nonsense que abaixo vos deixo. Efectivamente, não faz qualquer sentido. Mas, nesse particular, assemelha-se a este nosso mundo: profuso em paradoxos incompreensíveis…
Meia noite exactas em ponto:
Um homem nu, com uma espada no bolso,
entra por uma porta fechada.Um homem nu, com uma espada no bolso,
Senta-se num banco feito de pau-de-pedra
e lê um jornal sem letras, à luz de um candeeiro apagado, que diz:
‘O mundo é uma bola quadrada que gira parada.
Mais vale morrer do que perder a vida’.
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(Fonte da Imagem)
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Parêntesis Vários
27 de fevereiro de 2011
Cativeiro
(Captive, Paul Klee, 1940)
Em homenagem a todos quantos, corajasomente,
lutam pela liberdade individual e alheia.
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lutam pela liberdade individual e alheia.
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Parêntesis Vários
17 de fevereiro de 2011
Algún dia...
Algún dia te escribiré un poema que no
mencione el aire ni la noche;
un poema que omita los nombres de las flores,
que no tenga jazmines o magnolias.
Algún día te escribiré un poema sin pájaros,
sin fuentes, un poema que eluda el mar
y que no mire a las estrellas.
Algún día te escribiré un poema que se limite
a pasar los dedos por tu piel
y que convierta en palabras tu mirada.
Sin comparaciones, sin metáforas;
algún día escribiré un poema que huela a ti,
un poema con el ritmo de tus pulsaciones,
con la intensidad estrujada de tu abrazo.
Algún día te escribiré un poema, el canto de mi dicha.
(Darío Jaramillo Agudelo, 'Algún dia' in Poemas de Amor, 1986) .
mencione el aire ni la noche;
un poema que omita los nombres de las flores,
que no tenga jazmines o magnolias.
Algún día te escribiré un poema sin pájaros,
sin fuentes, un poema que eluda el mar
y que no mire a las estrellas.
Algún día te escribiré un poema que se limite
a pasar los dedos por tu piel
y que convierta en palabras tu mirada.
Sin comparaciones, sin metáforas;
algún día escribiré un poema que huela a ti,
un poema con el ritmo de tus pulsaciones,
con la intensidad estrujada de tu abrazo.
Algún día te escribiré un poema, el canto de mi dicha.
(Darío Jaramillo Agudelo, 'Algún dia' in Poemas de Amor, 1986) .
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Bibliofilia poética
8 de fevereiro de 2011
A(O)caso

Num tempo longínquo, um abastado Senhor Árabe enviou um dos seus melhores serventes ao mercado de Bagdad. Pouco tempo depois de haver partido, o jovem regressa esbaforido e pálido, suplicando ao seu amo que lhe conceda os melhores cavalos que possui, a fim de escapar a toda a pressa para a distante Samarcanda. Surpreendido, o amo indaga a razão de tal pedido. Entre soluços, o servente explica-lhe que ao chegar ao mercado, uma mulher esguia, de capuz na cabeça e longas vestes negras, o havia fitado ameaçadoramente. Nesse momento, o jovem percebeu, aterrorizado, que se tratava da Morte. O seu amo, comovido com o acontecimento, concede os cavalos pedidos e o jovem põe-se imediatamente em fuga. Ainda mal refeito do sobressalto, o amo resolve ir ao mercado, ao encontro de dita figura. Ao vê-la, perguntou-lhe: -“Diz-me, Morte, porque fitaste ameaçadoramente o meu servente? Acaso não sabes que ele é jovem e bondoso?”, ao que a Morte terá respondido: -”O meu olhar não foi de ameaça, mas sim de surpresa, porque esta noite tenho marcado, com ele, um encontro em Samarcanda”.
*(Imagem: 'The Wheel of Fortune', Sir Edward Burne Jones, 1863, Musée d'Orsay)
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2 de fevereiro de 2011
when Darwin meets Sophia...
Dois nomes incontornáveis nas respectivas áreas de actuação, a saber, Charles Darwin e Sophia de Mello Breyner, marcam encontro no Porto, na recém recuperada "Casa Andresen" (jardim botânico). Este interessante convívio assinala três factos notáveis: (1) a inauguração da magnífica exposição "A evolução de Darwin", que estará patente até ao próximo mês de Julho (e que alguns terão tido o privilégio de visitar há dois anos na Fundação Gulbenkian); (2) o arranque das comemorações do centenário da Universidade do Porto; (3) e, por fim, a abertura ao público da "Casa", anteriormente pertença de João Andresen, avô de Sophia.
Como se nota, são múltiplos os pretextos para uma visita...
'Bora lá?
(retrato de Sophia por Arpad Szenes)
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31 de janeiro de 2011
Sabia que...?
A propósito de profusas e recentes notícias, e das regras do novo acordo ortográfico, ouvi o seguinte esclarecimento: a palavra "Egito" escreve-se sem a letra "p", porque a mesma não se pronuncia; e a palavra "Egípcio" escreve-se com "p", pela razão oposta.
Pela mesma ordem de ideias, pergunto: porque razão pronunciamos "facto" e teremos de passar a escrever "fato"? *
Pela mesma ordem de ideias, pergunto: porque razão pronunciamos "facto" e teremos de passar a escrever "fato"? *
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