31 de maio de 2010

Percursos paralelos...

(Fernando Pessoa, Heterónimos, Lívio de Morais, 1997)
"No aspecto profissional, e não só, podemos encontrar um certo paralelismo entre Fernando Pessoa e um outro monstro sagrado da literatura, seu contemporâneo, Franz Kafka (1883-1924). Ambos tiveram de realizar trabalho rotineiro para sobreviver. Ambos sofreram o impacto de mais de uma cultura (a inglesa e a portuguesa, no caso de Fernando Pessoa, e a judia e a alemã, no caso de Franz Kafka). Ambos foram angustiados crónicos. Ambos sucumbiram à acção de causas tóxicas (o alcoolismo em Pessoa e a tuberculose em Kafka). Ambos se tornaram célebres só postumamente."
(A. Fernandes da Fonseca in "A Psicologia da Criatividade", 1998)

12 comentários:

  1. Fernando Pessoa é o meu poeta favorito. É um homem enigmático porque tanto assumia uma personalidade simples e clara. como assumia uma personalidade complexa.
    A similitude na rotina entre Kafka e Fernando Pessoa só atesta que o quotidiano mata e para se libertarem dele há que criar outros mundos.
    Julgo que foi o que fez Fernando Pessoa, o rotineiro deixava a sua alma criar uma infinidade de histórias. Kafka tem livros fantásticos, críticos em relação à complexidade do sistema, engenhoso no escrever. Claro não o conheço tão bem como ao Pessoa mas terá sido tão diverso quanto este?

    ResponderEliminar
  2. Muito interessante!
    Será que a genialidade, em certos casos, necessita de condições áridas para se manifestar? Ou serão as condições áridas, elas próprias, uma manifestação gerada, pelo menos parcialmente, pela genialidade?

    ResponderEliminar
  3. Paralelos como duas linhas

    que nunca se encontram

    ResponderEliminar
  4. paralelos
    destaco o facto de serem angustiados... na falta de melhor palavra...
    muitos comprimidos faltaram nas farmacias para eles podrem escrever o que escreveram
    jajaaj

    abrazo serrano

    ResponderEliminar
  5. R.:

    Ser "diferente" tem os seus custos. E ser "genial" tem o seu preço. No entanto, não podemos ignorar que grande parte de criação artística é realizada em condições adversas - doença, cativeiro, etc.

    ResponderEliminar
  6. pessoa é maior que kafka, aliás, não gosto de kafka, as suas obsessões deixam-me indiferente já as de pessoa não,daí que se a literatura enquanto arte é um poderoso meio de comunicação não consideraria, de um ponto de vista extrictamente subjectivo a obra de kafka arte. venho lançar algumas achas para a fogueira. Boa terça-feira R.

    ResponderEliminar
  7. Olá a tod@s! Interessantes perspectivas as vossas. Muito obrigada pelos contributos. De facto, desta multiplicidade de olhares parece-me consensual o reconhecimento do engenho destes homens, em particular do Pessoa. Este excerto foi extraído de um livro curioso que aborda a temática da criatividade analisando as vidas e obras de Pessoa, Teixeira de Pascoaes, Freud e Ortega Y Gasset. A quem possa interessar este assunto, aqui fica a sugestão!
    Abraço e continuação de boa semana para todo@s!

    ResponderEliminar
  8. Não me parece muito científico comparar o bacilo de Koch com o álcool.

    ResponderEliminar
  9. Olá Carlos Pires. Seja muito bem-vindo. É curioso porque também pensei algo semelhante mas, tratando-se de um livro escrito por um médico psiquiatra, ocorreu-me que talvez houvesse algum tipo de explicação plausível que eu pudesse ignorar... :) Continuação de um bom fim-de-semana.

    ResponderEliminar
  10. tragico. qtos junkies de hoje serão os poetas póstumos??

    ResponderEliminar
  11. gosto do desenho, uma especie de vieira da silva em pessoa :DDDD

    ResponderEliminar
  12. Olá Mónica. Muito bem-vinda a este espaço. Subscrevo a pergunta. Na actualidade, e como sempre tem acontecido, continua a haver muitos exemplos de reconhecimento tardio... Eventualmente serve para quem cá está, porque para quem já partiu a utlidade é nula... Tenho para mim, que na profissão, como na vida, os elogios devem ser imediatos :)

    ResponderEliminar